14 de abril de 2014

"Gosto de ti"

Os meus pais e avô materno ensinaram-me o que é gostar de alguém, a saber acarinhar alguém. Ensinaram-me pelo forte exemplo que me deram, pela forma como se relacionavam entre si e comigo.

Em casa, sempre percebi que quando gostamos de alguém, não há que reprimir demonstrações de afecto, mesmo que não haja palavras proferidas em sussurro ou em voz alta. Um beijo afectuoso ou um abraço espontâneo eram suficientes para sentirmos o quanto gostavamos uns dos outros.

Mediante este exemplo e tendo perdido os meus entes mais queridos cedo na vida, assimilei quase de forma natural esta forma de estar na vida e de me relacionar afectivamente (não sem alguns desgostos maiores, diga-se...), com outros familiares e amigos. 

O mesmo se aplica, numa escala muito maior, ao meu filho e certamente ao que aí vem em breve. Digo-lhe que gosto dele, sempre que posso e me apetece. 

O fruto disso é volta e meia, de forma absolutamente espontânea e natural ouvi-lo logo pela manhã chamar-me ao quarto dele apenas e só para me dizer:

"Mãe, gosto muito de ti"

Ou então, estar a stressar enquanto tomo o pequeno-almoço a entre-olhar o relógio, antevendo que vou chegar ao trabalho atrasada, e de súbito ouvi-lo dizer:

"Estás muito bonita hoje, mamã."

Toda a rabugice se esfuma no ar, o stress apazigua-se momentaneamente, porque além de saber bem ouvir estas palavras, percebo claramente que devo estar a fazer alguma coisa certa nesta tarefa hercúlea e nada científica que é a maternidade, que é dar o exemplo ao meu filho do que é gostar de alguém e saber exprimi-lo de forma espontânea.

Só me assalta sempre uma certa dúvida, se não estarei a prepará-lo mal para o futuro, não lhe dando defesas suficientes em relação a outras pessoas que não sejam tão genuínas de sentimentos e afectos.

7 comentários:

Paula disse...

Estás a prepará-lo para ser feliz. E sim, vai desiludir-se, vai sair magoado algumas vezes, mas essa magia que lhe transmites de saber abrir o coração e mostrar e sentir o que lá vai dentro é o que nos viver em pleno. Não duvides. Bjs xx

Maria Duarte disse...

Os sentimentos "positivos" são aqueles que mais devíamos exprimir, mas são muitas vezes aqueles que mais reprimimos de demonstrar.
Erradamente.

Anónimo disse...

nunca estamos totalmente preparados para as "intempéries" que a vida nos oferece, mas, sentir essa força emocional é meio caminho andado para sair mais forte. beijinhos e boa semana. :)

Uba disse...

Sou igual a ti. Digo sempre que me apetece, com beijos, mimos e muito amor. Senti muito falta dessas demonstrações em criança e agora não quero que o meu filho sinta o mesmo...
Beijos <3

Magda disse...

Por aqui é igual. Não creio que estejas a prepará-lo mal... Deveriam tds os pais fazer o mesmo.

luisa disse...

Amor assim nunca é demais. :)

Amigo Imaginário disse...

O que lhe estás a dar é uma rede de segurança para toda a vida. :)