Há uns dias atrás, numa conversa que tive com uma pessoa de nacionalidade britânica, mãe de dois filhos adultos, comentei que os meus pais eram pessoas de origens humildes e que me mimaram muito.
Ela rematou-me com a seguinte expressão: "But that is a good thing! You were spoiled with love, not things..." (qualquer coisa como "mas isso é bom! Foi mimada com amor e não com bens materiais")
Aquela frase ficou gravada na minha mente, porque realmente foi isso mesmo que os meus pais fizeram comigo. Amaram-me de tal forma, que os seus gestos para comigo são aquilo que mais recordo e agradeço, ao contrário das bonecas ou brinquedos que me tenham oferecido.
A forma como eles me estragaram com mimos é o guia que sempre tive antes e depois de ter sido mãe. O carinho que me devotaram é aquele que sigo como modelo no meu relacionamento com o meu filho. Sou carinhosa e afectuosa como eles foram comigo e firme da mesma maneira como eles o foram, impondo-me valores e princípios que ainda hoje regem a minha forma de estar na vida.
Os beijos e abraços constantes, as demonstrações de afecto frequentes e sem qualquer barreira, os nomes e alcunhas ternurentos (como estuporzinho) são o que melhor podiam ter feito por mim, para a minha auto-estima!
Por isso inundo o meu filho de beijos e abraços constantes, de afecto frequente, de confirmações de "gosto de ti" ou "adoro-te" e também tenho algumas alcunhas ternurentas que uso habitualmente, como sacaninha ou sacrivas!
Se isso o torna mais vulnerável a ser magoado e desiludido no futuro, no que aos afectos diz respeito, acredito que sim, talvez assim venha a ser...
Mas nunca ficarei de consciência pesada por amá-lo em excesso!
Quando o Falipe nasceu senti-me inundada de amor por um ser que apenas conhecia de se mover dentro de mim. Quando ficava horas embevecida a olhar para as suas feições perfeitas, as suas pestanas enormes, as suas mãos esguias de dedos compridos e os seus lábios perfeitos, senti que explodia de tanto amor.
Nesses momentos soube no meu íntimo que queria voltar a ser mãe, que queria ter outro filho. Não porque o Falipe não me chegasse, mas porque senti que o meu coração ainda podia aumentar de tamanho, e albergar não só o amor que sinto pelo G. o meu sempre companheiro, como o amor ao Falipe, como o amor a outro filho.
Quanto mais o Falipe cresceu, mais se cimentou em mim essa mesma convicção. Quanto mais amo o Falipe, mais amor sinto pelo bebé que carrego em mim, e que apenas conheço de lhe sentir os movimentos dentro do meu ventre.
Se tenho medo de o amar mais ou menos que ao Falipe?!
Não! Estou certa que o amarei da mesma forma, sem limites ou barreiras e sem nunca me retrair, por receio de achar que os estou a estragar com mimos!
8 comentários:
Vais amar de uma maneira diferente mas igualmente intensa. E o amor vai multiplicar-se de uma forma linda para todos :)
Claro que sim, vai haver amor que chegue para dois, três, quatro :)são teus filhos e isso é tudo para ti mãe.
Gostei tanto de te ler Naná! Eu tb fui estragada com mimos e não com bens e é o que pretendo fazer com os meus filhos.
Gostei tanto de te ler Naná! Eu tb fui estragada com mimos e não com bens e é o que pretendo fazer com os meus filhos.
E é o que realmente importa! :)
isso é precioso, e nem toda a gente tem recordações assim tão boas. beijinho.
tão lindo este post... tão sincero ... puro. Transparência e amor. um beijinho
Nobody listening, obrigada :)
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