22 de janeiro de 2014

(Entre parênteses)

Leio esta notícia e não sei se ria, se chore, se me revolte ou simplesmente ignore...

Há tanto tempo que se proclama a igualdade de género como estandarte para uma sociedade civilizada, especialmente no tocante à vida profissional. 
Inclusivamente tive que abordar esse tópico durante 60 longas horas dum curso de formação contínua de formadores, só porque as directivas europeias assim o determinavam: que houvesse formação profissional subordinada ao tema. O meu palpite é que deve ter havido alguma alminha num gabinete ministerial que achou por bem aprovar cursos de formação contínua de formadores na temática da igualdade de género. Resumindo, foram 60h de blá-blá-blá e utopias sobre como as coisas se deviam passar na prática e pouca aprendizagem sobre a profissão de formador, que já não soubesse...
Isto passou-se em 2006. 

Estamos em 2014 e do meu ponto de vista, até houve alguns avanços, mas foram mesmo muito tímidos. Se por esta altura ainda temos planos onde o género feminino surge entre parênteses em vez de barras, porque a legistica da Imprensa Nacional não contempla tal hipótese, estamos mesmo mal... Mas depois questiono-me: que raio interessam as barras e os parênteses e todos os princípios orientadores tão bonitos e lindos e tudo e tudo, se na prática se continua a assistir a desigualdades na contratação, na remuneração, nos direitos (e deveres) entre o género masculino e feminino?!

Nem a propósito, há uns assisti a uma reportagem da RTP sobre o crescente número de mulheres em cargos de liderança, e confesso que fiquei estupefacta quando incluíram na reportagem a importância que as "novas líderes" davam a tendências de moda e a aspectos de imagem, o que a meu ver só serviu para indirectamente dizer que estas "novas líderes" não passam dumas fashionistas ocas, e que ser líder tem mais a ver com uma questão de imagem do que propriamente com capacidades profissionais de gestão e liderança... Outra que me deixou abismada foi como uma empresa se gabava de dar a oportunidade a mulheres dos seus quadros terem acesso ao que chamavam "shadowing", isto é, a possibilidade de serem "sombras" dum CEO (leia-se no masculino, claro!) e acompanhá-lo no seu trabalho... 
Então é assim que se quer mostrar o papel crescente da mulher na vida profissional??!! É desta forma que pretendemos valorizar de igual modo o trabalho, seja ele prestado por homens ou mulheres?!

Ou sou eu que tenho uma mente muito tacanha, ou o mundo anda mesmo ao contrário... Estava eu convicta que o papel crescente da mulher no mundo do trabalho e na sociedade em geral, em pé de igualdade com os homens, dependia das suas capacidades de gestão, de liderança, de saber, etc.

2 comentários:

Anónimo disse...

e depende, naná, depende, o problema é que há de haver sempre agentes do contra que bloqueiam as hipóteses de avanço.

Naná disse...

Mia, eu sei! E o pior é que muitas vezes são as próprias mulheres que contribuem para se sabotar estas questões...