30 de dezembro de 2012

Porque em 2012 nem tudo foi mau...

Apesar de ter sido aquilo a que chamo o "ano de seca" ou "o ano da travessia no deserto", porque os dias sucederam-se numa cadência vulgar, repetitiva e sem grandes mudanças, é claro que nem tudo foi mau ou menos bom! Houve é claro momentos de felicidade, de paz e de serenidade.
Mas o sentimento geral não foi dos melhores...
Foi um ano que senti ser de marasmo, estagnação, de marcar passo, sem nunca retroceder ou avançar. Senti-me amarrada e amordaçada por correntes e cordas invisíveis, mas que me impediram totalmente de progredir ou de avançar em qualquer direcção!
Foi um ano em que tive a sensação de vazio sempre presente e de falta de realização pessoal e profissional.
Foi um ano em que me senti embrutecer lentamente, de dia para dia, e senti-me impotente para contrariar essa maré, apesar de estar plenamente consciente dela.
Foi um ano de introspecção e isolamento, umas vezes auto-imposto, outras vezes forçado, pela indiferença e falta de atenção dos demais ao essencial, o que acabava forçosamente por me atirar para mais auto-isolamento, numa espécie de círculo vicioso.
Foi um ano de luta feroz entre eu e mim mesma e isso teve os seus efeitos benéficos, nomeadamente o de finalmente conseguir encerrar o luto pelo meu pai. Mas o facto de me digladiar diariamente comigo mesma teve efeitos perniciosos na minha pessoa habitualmente bem disposta  socialmente predisposta e optimista.
Foi um ano em que me tornei mais caseira, mais comedida nos gastos e inclusivamente comecei a poupar de forma consistente e persistente. Foi o ano em que apesar de não ser funcionária pública, senti na pele todos os cortes impostos à classe, e fui-me encolhendo sobre mim mesma do ponto de vista financeiro e fiscal, agradecendo apenas a dádiva de ter emprego e ordenado pago a tempo e horas, sem excepção!
Foi o ano em que aprendi artes manuais, com especial ênfase no tricot, e completei projectos com as minhas mãos que não sonhara que seria capaz de fazer um dia. Escusado será dizer que foi nestas artes que encontrei boa parte dos momentos de paz e serenidade.
Foi um ano em que vi o meu filho crescer a olhos vistos, num ritmo muito mais rápido do que aquele que foi caracterizando os meus dias e foi com espanto que o vi abotoar o seu primeiro botão, no pijama, e desligar o computador carregando em todos os botões correctos e mexer-se no youtube com mais perspicácia e sabedoria do que eu própria. Os melhores momentos foram certamente aqueles em que ele correu para mim, com o seu mais feliz e me disse espontaneamente "gosto de ti, mamã!".
Foi o ano em que a minha família se alargou e demos as boas vindas ao bebé R. e vi a minha prima M. tornar-se mãe, como sempre sonhara!
Foi o ano em que fiz uma semana de férias a 3 na minha adorada Arrifana e aí sim, obtive um dos maiores momentos de alegria, serenidade e boa vida!
Foi o ano em que me atulhei de comida para dar de "beber à dor" que sentia algures dentro da minha alma, e por fim, descobri que tinha uma compulsão com a comida e que era altura de simplesmente parar de me agredir! No dia em que alguém me fez duas perguntas bastante simples: "porque é que continua a boicotar-se?" e "porque é que se levanta da cama todos os dias?"
Foi o ano em que li Záfon, John Green, Chris Cleeve e mais uma série de livros e reconciliei-me com a leitura! Graças à blogsfera, ao facebook e ao Goodreads!
Foi o ano em que a amizade virtual passou para o real e com isso reforçou-se! Mais uma cortesia da blogosfera!
Foi o ano em que plantei tomates e pimentos e nenhum deu frutos, mas colhi espinafres suficientes para uma sopa e alface suficiente para uma salada!
Foi o ano em que percebi que mais depressa se adquire um mau hábito do que se consegue enraizar um bom hábito, e em que lutei ferozmente para contrariar essa tendência!

Foi um ano em que muito sucedeu, mas que sinto que não fui muito longe, vá-se lá saber porquê...

3 comentários:

Carla disse...

A meu ver foste até muito longe, só o batalhar por vezes com o que temos dentro de nós, nao é fácil.

Dedica mais do teu tempo, aquilo que realmente te dá prazer e vais ver que tens menos tempo para as coisas menos boas.

Muita força para 2013. e devias estar muito orgulhosa do teu 2012.

Beijocas grandes e muitas Felicidades Linda xxx

Melissa disse...

Tiveste um ano fixíssimo!

Tanita disse...

Naná,
lê de novo o que escreveste. Não foi de todo um ano assim tão mau como dizes. Aprendeste sobretudo a perceber o que se passa em ti, a identificar o que está mal e até o que fizeste de bem. Foi acima de tudo um ano de aprendizagem, e o s erros? aqueles quea apontas que cometeste? serviram para aprnderes, aprenderes que não os queres voltar a repetir. E sabes que mais? tudo o que escreveste me recorda um mês, um dia em que falamos de isso tudo :) e como passou rápido, felizmente. Porque eu? detestei este ano, mas acho acima de tudo que serviu para nós aprendermos, sobretudo isso.