22 de junho de 2015

Life coach à moda antiga

Há dias fui a um workshop relacionado com gestão de tempo e estímulo à produtividade.
Aprendi coisas importantes. Outras já as sabia, mas precisava que alguém me refrescasse a memória.

A determinada altura, fez-se um exercício em que nos sugeriram que buscássemos os nossos ídolos, alguém a quem admirávamos as qualidades, a maneira de estar na vida.

Eu nunca fui muito de idolatrias, e nunca sonhei muito alto com pessoas inacessíveis. Admito que haja uma ou outra figura pública com quem gostaria de poder conversar livremente.

Mas voltando aos ídolos, apercebi-me que as duas pessoas que mais admiro, foram pessoas reais, anónimas e bastante próximas de mim: o meu avô Manuel e a minha mãe.

E por estes dias, em que se fala tanto de coaching, de lyfe coaching, empreendorismo e coisas parecidas, apercebi-me que o meu avô Manuel foi um homem à frente no seu tempo.

Vistas bem as coisas, o meu avô era um homem inteligente (sábio mesmo, porque nem ler sabia, mas dominava assuntos como a matemática melhor que muitos doutores que eu conheço) e um tenaz lutador. Corria atrás do que queria alcançar. O meu avô negociava um terreno que já não lhe fazia falta e permutava-o por outro mais valioso, que lhe desse mais rendimento, por ser mais fértil ou porque lhe permitia cultivar um produto diferente. O meu avô começou com pouco património, mas no fim da vida tinha-o multiplicado.

Se precisava de concretizar algo, não descansava enquanto não encontrava um meio, fosse convencional ou não.

E além disso, o meu avô era uma pessoa com uma visão optimista e prática da vida. Lembro-me da minha mãe contar que ele costumava dizer a uma das suas 7 irmãs, a Francisca, que adoptasse uma postura mais positiva, mais optimista perante tarefas penosas ou que ela não gostava.

É que a Francisca detestava ir cuidar do gado no pasto, e então, sempre que lhe delegavam a tarefa, ela fazia o caminho contrariada, maldizendo a sua sorte. O meu avô costumava aconselhá-la dizendo: se fores a cantar e com um sorriso nos lábios, vais ver que te custa muito menos!

Às tantas, se nessa altura, já existisse o life coaching e o empreendorismo, o meu avô teria certamente uma carreira brilhante nestas áreas.


Sem comentários: