16 de abril de 2015

Filho ladino

És traquina.
Gostas de me dar chapadas com as tuas mãozinhas rechonchudas. Tens a "mão pesada"... e depois ris-te com ar de safado, que já compreende que está a fazer asneira. Puxas os meus cabelos e tentas enfiar os teus dedos nos meus olhos e nariz. Quando reclamo e digo "não-não", ris com ar gozão. Meu pequeno diabrete.

És sorridente. De sorriso fácil. De sorriso franco e rasgado. Sorris com uma facilidade avassaladora e conquistas num segundo quem tens pela frente. Os teus dois dentinhos completam o quadro e tornam-te ainda mais cutxi-cutxi!

Quando não sorris, algo não está bem em ti. É fácil perceber.

És bem disposto. Por norma.

Mas também és chorão. Muito. Em certos dias, até demais.
Quando não respondemos ao teu choro, mudas de nível e passas ao modo gritador. Aquele choro de gritos que me estremece o cérebro, ressoa e vibra nos ouvidos e me deixa exausta no espaço de cinco minutos. Aquele choro de gritos que só pode e vai aumentar de decibéis, a níveis que requerem protecção auricular.

Odeias chupetas. E biberões. Coisas de borracha ou silicone para pôr na boca, contigo nem pensar!

És enérgico, geniquento como te chamo. Mexes em tudo o que apanhas pela frente e apesar de ainda não conseguires, queres chegar a tudo e por isso esticas-te o máximo que consegues. Às vezes, já consegues arrastar o rabiosque duma forma meio esquisita, um pouco de lado, como se fosses um caranguejo.

Gostas de colo. Adoras colo. Mas o colo não pode estar parado. Tem que estar em movimento. O colo tem que circular pela casa. Senão... lá vem o choro. Gostas do meu colo, mas para adormecer, preferes o do pai.

Detestas estar sozinho. Ficas mesmo chateado e ligas o botão do choro se acaso te viro as costas, nem que seja para ir buscar qualquer coisa ali ao lado.

Quando temos visitas ou vamos a casa de família ou amigos, és a criança mais serena, sorridente e pacata de que há memória. Fazes-me passar por "mentirosa" quando digo que tens sido um bebé exigente. Porque tu és um poço de calmaria e simpatia na presença de terceiros.

As noites não são pacíficas. Nada pacíficas. Desde que nasceste dormiste apenas 3 noites de seguida, nenhuma delas consecutiva. As outras todas têm sido marcadas por muito choro, por muitos acordares sobressaltados, por muito embalo para te conseguir acalmar e pôr novamente a dormir. Por muito espernear.

Adoras o teu irmão. Ficas muito atento a olhar para ele e para o que ele faz. És curioso com ele, queres mexer nas coisas dele, queres agarrá-lo e puxá-lo. Ris-te à gargalhada com ele, quando ele decide fazer garatujas contigo. Mas quando tens sono, ele não não se pode chegar a ti, que começas logo a ficar impertinente. Já a dar a entender que vais ser um malandro com o teu irmão.

"Falas" pelos cotovelos. O que me leva a crer que vais ser ainda maior tagarela que o teu irmão. Só tenho pena de ainda não ter conseguido descortinar o que significa "bem-bembe"... No entanto, os sons mais habituais da tua linguagem são "ma-ma-mã-man"... palpita-me que te vou ouvir muitas vezes a chamar por mim.

Tens exigido de mim energia, força e paciência em níveis que nunca pensei conseguir reunir. Tenho suportado cansaço, nervos e muito mais privação de sono do que alguma vez julguei ser-me possível aguentar.

E no entanto, amo-te com todas as forças possíveis do meu coração!

4 comentários:

gralha disse...

:) Filho bom.

Paula disse...

Oh Nana… como me revejo nestas tuas palavras. O teu Ricardo só pode estar um amor. As 'manias' que te causam cansaço e stress passam… e tu aguentas, acredita! :)

Beijinhos xx

Magda disse...

E ele é um menino tãoooo lindo! Enquanto lia revia o meu S em tanta coisa!!!

Amigo Imaginário disse...

Não sei que raio de milagre se opera na nossa mente que, um dia, damos por nós a fazer exercícios de memória para recordar como foram os nossos. O mais velho foi um anjo, o mais novo um terror. Hum... tenho a certeza de que deve haver nuances algures nestas minhas memórias! :)

Aproveita, é uma fase de enamoramento tão boa!