9 de dezembro de 2014

O SNS em estado comatoso

Terceira data marcada para a cirurgia aos adenóides do Falipe.

Os adenóides que inflamam e lhe afectam terrivelmente a audição.

Duas datas marcadas, desmarcadas e remarcadas por "falta de anestesista".

Datas essas em que o Falipe deveria estar em perfeitas condições de saúde, leia-se: sem ranho, sem tosse, sem expectoração.

Difícil de conseguir nos dias frios e cinzentos que se sucedem desde finais de Outubro, por mais que o resguarde ou o leve a fazer haloterapia.

Finalmente, a data chegou sem desmarcações, nem desculpas de falta de anestesistas.
Falipe reune minimamente os requisitos exigidos para a cirurgia.

Os nervos crescem, apesar de saber que é uma cirurgia sem grandes complicações... mas crescem e agigantam-se. É uma anestesia geral e eu tenho medo... é o meu menino pequenino, que já é grande, quase-quase do meu tamanho.

Os nervos sobem de tom quando chega a hora de lhe colocar o penso anestésico onde irão inserir o cateter... ele recusa-se firmemente e nenhum argumento o convence, não restando alternativa a não ser manietá-lo e colocar o penso à força no braço do meu menino que se debate qual fera enjaulada.

Chegar ao hospital já atrasada e receosa pelos 20 minutos perdidos a tentar colocar o penso anestésico, que deveria ter estado colocado pelo menos 1h antes.

30 minutos do meu menino a perguntar se vai levar "uma pica" e que "eu não quero levar uma pica" (ainda paira na sua memória a dor das vacinas dos 5 anos...).

A enfermeira é um doce de pessoa e apesar de tudo, o meu menino tem que ser algo manietado para deixar colocar o cateter... O meu coração dói, porque sei que ele precisa desta cirurgia para poder ouvir como deve ser e não como se estivesse dentro dum aquário. Abraço-o e tento acalmá-lo e explicar que tudo vai correr bem.

1h20 minutos de cateter inserido na veia  do meu menino a debitar soro.
Falipe manifesta firmemente a sua vontade de não retornar ao hospital, nunca mais.

1h20 minutos depois do cateter inserido na veia a debitar soro, a chefe do serviço ambulatório comunica que o anestesista teve "uma imprevisto familiar inadiável" e como tal teve que se ir embora, pelo que a cirurgia terá que ser noutro dia, porque o serviço ambulatório "vai ser encerrado".

A cirurgia é cancelada porque o anestesista teve um imprevisto familiar inadiável e é o ÚNICO anestesista que o hospital tem. Não há mais nenhum médico disponível...

Um hospital que serve 5 concelhos e não sei quantos milhares de utentes.

O meu menino pequenino, já grande quase-quase do meu tamanho, vai ter que passar por tudo isto de novo...

8 comentários:

Paula disse...

Apetece dizer asneiras, a sério… :( Beijinho grande xx

gralha disse...

Oh Naná... :(

Não duvides que o teu filhote vai saber que tudo o que fizeste foi para o bem dele. Espero que a cirurgia seja feita de uma vez por todas, em breve, e que fiquem os dois com um grande sorriso de alívio. Beijinhos e um abraço apertado.

Anónimo disse...

que novela e que tristeza termos de ver os nossos filhos a passar por estas aflições, eu sei o que é, pois cá em casa também houve essa operação, mas, felizmente não com tanto enredo. boa sorte! e as melhoras.
beijinhos

Susana Andrade disse...

Só dá mesmo vontade de apertar os colarinhos a alguém e não é ao anestesista pq ele não tem culpa de ser insubstituível... É mesmo vergonhoso como estão a gerir os hospitais... Que da próxima vez seja de vez ! Beijinho

S disse...

Incrível! Como é possível só haver um anestesista num hospital?!
:(((
Beijinhos

AvoGi disse...

Voltei a te encontrar
Kis:=)

Amigo Imaginário disse...

Nem tenho palavras. Se fosse com um filho meu, acho que teria desabado. E, infelizmente, cada vez mais tenho a certeza de que fiz a escolha certa ao sair desse país. :(

Tanita disse...

INACREDITÁVEL!!!