1 de julho de 2014

A privação de sono, essa cabra maléfica

Rebenta connosco, dá-nos a volta, retorce-nos e revira-nos 80 vezes e faz vir à tona algo do pior que cada um de nós tem dentro de nós. E o meu pior consegue ser mesmo mauzinho, execrável arrisco dizer.

A privação de sono tolda-nos o raciocínio, e leva-nos ao desvario!
Nalguns casos, ao desespero absoluto e à descompensação.

Por vezes compensa descompensar, porque nos permite recuperar um pouco o norte, trazer de volta alguma lucidez que nos possibilita seguir em frente com um pouco mais de capacidades mentais e com mais coragem de sabermos que somos capazes de vencer a tortura que é querer descansar e não ter essa hipótese.

E não faz mal descompensar, ou reconhecer que a privação de sono nos torna pessoas menos agradáveis numa altura em que deveríamos ser só amor e carinho e gugu-dadás. Porque afinal de contas, somos humanos, e temos que admitir que temos bastantes limitações, sendo o cansaço um dos maiores que se nos coloca.
Privadas de sono, não há gugu-dadás que nos valham... torna-se difícil compreender porque razão aquele ser pequenino chora sem parar, quando já esgotámos todas as hipóteses plausíveis no "manual inexistente de criar recém-nascidos"...

Privadas de sono, somos altamente vulneráveis a alimentar outra cabra maléfica muito comum na maternidade: a culpa!
Culpamo-nos porque não fomos capazes de resistir ao cansaço e à exaustão, e depois estamos exaustas  demais para conseguir impedir que a culpa cresça a passos de gigante. E isto é uma bola de neve, que em breve se torna numa avalanche que nos colhe à passagem.

Por estes dias, reconheço que a minha dose de paciência aumentou exponencialmente, sou muito mais calma e ponderada nas minhas acções e sou capaz de fazer a minha faceta impaciente sossegar por mais tempo. E manter os níveis de auto-culpabilização em mínimos aceitáveis.

Mas a idade não perdoa, e a resistência com um corpo exausto por falta de horas de sono, ou por sonos sucessivamente interrompidos (por estes dias, a cada 2h) torna-se menor. E por mais paciência que possa ter, a resistência física para me aguentar lúcida é mais reduzida.

Mas como em tudo na vida, this too shall pass

E há que aproveitar cada minuto e cada segundo sossegado, carregado de gugu-dadás e de mimo e derretimento por um ser pequenino e perfeito que faz as caretas mais giras e delicadas e deliciosas, que tem a pele mais macia do mundo, as mãos mais pequeninas e fortes, as feições mais lindas e perfeitas do mundo e que me fixa indefenidamente com ar de espanto e reconhece a minha voz de imediato e que fazem com que o coração desta mãe transborde de amor incondicional em milissegundos!

13 comentários:

Jardim de Algodão Doce disse...

Epá, tudo passa mas custa tanto. Há 12 meses que quase não durmo :(
Espero que o teu pequenito não precise de 12 meses para te deixar dormir. Um beijo.

gralha disse...

E sai daqui um GRANDE abraço. Custa muito, é verdade. Espero que o Ricardo comece a dar noites melhores em breve. Beijinhos :)

Meu Velho Baú disse...

Pois é .....fez-me recordar também o que passei , sobretudo com a filha mais nova, abria a goela a meio da noite e eram horas....
Vai passar....e são sacríficios muito compensadores.
Beijinhos para todos.

Uba disse...

Pois, é a parte menos boa da coisa... Mas, já sabes, como mãe de segunda viagem que tudo são fases. Custa passar por elas, mas é isso mesmo, passagem.
Força! :)

Joana disse...

Esta foi uma das fases que me custou mais, por isso também compreendo, mas como tão bem sabes tudo passa. Aproveita bem os momentos de miminhos! (que saudades!) Beijinhos e ânimo!

martinha martins disse...

Até te dizia para respirares fundo e teres calma, mas quem sou eu. Nunca passei por isso por um filho, por isso digo-te, respira fundo e vai-te deitar!

martinha martins disse...

Até te dizia para respirares fundo e teres calma, mas quem sou eu. Nunca passei por isso por um filho, por isso digo-te, respira fundo e vai-te deitar!

{entreter os dias} disse...

Como eu entendo!!! Agora andamos melhor!!! Isso passa, vais ver!!!
Beijos solidários :)

Anónimo disse...

é um período que não se sabe quando vai acabar, mas há de passar. até lá muita coragem. beijinhos.

Amigo Imaginário disse...

É tãooooo difícil! Parece longínquo, mas passa... Coragem! :)

Paula Cristina disse...

Olá
Sei o que isso é, passei pelo mesmo com a minha filha. Foram 10 meses até ela acalmar.
Espero que não demore tanto tempo com esse teu pequenote.
Mas tudo passa, tens que ter calma e aproveitar a descansar enquanto ele dorme. Aproveita para descansar o mais que puderes.
Beijinhos

Tanita disse...

Querida,
compreendo perfeitamente estas tuas palavras e as tenho presentes porque vivenciei isso há tão pouco tempo... mas como já te disse, é uma fase, apenas isso. Depois as rotinas instálam-se e podes desfrutar d tudo o que a maternidade tem de bom, em pleno.
Beijo enorme
(se quiseres gritar e dizer palavrões, podes sempre ligar)

Paula disse...

Ai Jesus… não tenho saudades nenhumas disso… aqui demorou muito tempo a passar mas ai vai ser rápido vais ver! Bjs xx