Nem só na escola se aprende... e eu aprendi tantas coisas que me ajudaram na escola, na faculdade, na vida pessoal e na vida profissional. Pequenos ensinamentos que prezo, não só pelo ensinamento em si, mas pela recordação de quem mo transmitiu e assim me enriqueceu ainda mais.
Além do mais, nunca se sabe quando vamos precisar de utilizar estes pequenos apontamentos de saber.
Com a minha mãe aprendi (lista altamente redutora, já que foi ela que me ensinou a amar de forma incondicional...):
- redigir actas de reunião e a escrever rapidamente usando todos os dedos da mão (na altura, numa máquina de escrever)
- a consultar correctamente um dicionário
- a tabuada, as regras de 3 simples e a fazer a prova dos 9
- a fazer pastéis de batata doce
- a amassar e a tender pão e folares
- a coser à mão e à máquina
- a "crochetar"
- a encher chouriças de carne e a fazer farinheiras
- a caiar paredes a pincel
Com o meu pai aprendi a:
- ceifar erva e mato
- a sachar ervas daninhas e a abrir regos na terra para semear
- que um alqueire de feijão/grão leva 20 litros e que tem peso diferente consoante se é feijão ou grão
- a usar o dinheiro em meu proveito e a não viver escrava dele- a vindimar
- a acertar um relógio de ponteiros
- que um belo copo de aguardente ajuda nas dores de dentes
Com o meu avô Manuel aprendi:
- a debulhar maçarocas de milho, usando um sabugo
- a tirar as bandeiras do milho
- que os "figos-do-inferno" são tóxicos
- que dum pedaço de cana se pode fazer uma flauta
- que se pode fazer um baloiço com dois pedaços de corda e um tijolo
- que os sobreiros são descortiçados de 10 em 10 anos
- que quem não sabe ler pode ser mais sábio do que muitos letrados.
Com a minha tia Albertina aprendi:
- que se pode viver bem, com menos
- que a vida é aquilo que fazemos dela!
- a fazer bolo de marmelada e nozes
Com a minha tia Margarida, com os seus olhos azuis e cabelos totalmente brancos aprendi a:
- fazer calda de mel para os coscorões
- a usar amendoins para melhorar a compota de tomate e de abóbora
- que não é preciso ter uma avó viva, para termos uma!
Com o meu tio Fernando aprendi:
- a ordenhar vacas
- que os gansos são agressivos e mal dispostos
- que há quem viva toda a vida orientado pela ganância
Com a minha prima Rosária aprendi a:
- usar sal grosso para tirar o sabor duma caldeirada queimada
- o tempero ideal para uma feijoada de buzinas
- aprendi a fazer uma caldeirada como deve ser
- a amanhar peixe e a usar água salgada para lavar o peixe e deixá-lo mais saboroso para a brasa
- a demolhar bacalhau em leite antes de ser assado na brasa, para ficar mais macio
Com todos os meus colegas de faculdade e a Goudinha aprendi:
- que a amizade, quando existe e é verdadeira, perdura independentemente das barreiras físicas ou temporais.
Com o meu mais que tudo, aprendi:
- a apreciar boa música
- a identificar estrelas e constelações no céu
- a partilha, o respeito e o companheirismo
Com o meu filho aprendi:
- a perdoar em 30 segundos
- a cultivar a paciência
- a amar incondicionalmente
10 comentários:
gostei*tão bom aprender, não é?!
Todos nós, mal ou bem, aprendemos milhentas coisas ao longo da vida. Somos um poço de sabedoria e nem damos conta! Agora é passar o legado :)
Adorei este post e provavelmente vou "roubar".
Logo logo poderás perpetuar essa tua aprendizagem para o teu filho. Tenho muita pena de não ter vivido aprendizagens assim com os meus familiares mais próximos, dessas 'coisas' que não se esquecem e que servem de ensinamento para a vida. Sobre o campo tenho aprendido muito com os pais do meu marido, afinal nunca fui 'filha' do campo mas do mar/ria. Referes-te ao figo do inferno como figo da índia? Desde pequena que comia figos da índia e agora só não como mais porque nunca me ajeito a tirar os picos daquilo e agarram-se aos dedos e doem muito mas adoro o sabor e as grainhas até já não me fazem tanta impressão.
Será que lhes podemos chamar de ensinamentos da(para a) vida?
Esses são (d)os mais importantes e não se aprendem na escola e, não é preciso estudar para decorar, pois o tempo diz-nos que não os esquecemos
Beijos
É a escola da vida mesmo. Aquilo que não se aprende nos livros mas com as nossas vivências, com aquilo que os outros nos vão passando.
Um beijo
Magda, adoro aprender :)
Sal, somos mesmo um poço de sabedoria. Hei-de certamente passar alguns dos meus ensinamentos ao meu filho!
Gralha, roubai, roubai ;)
Susana, sim é a mesma coisa. Mas aquela que eu falo é uma que dá figos assim avermelhados e as folhas também são avermelhadas.
Maria, não esquecemos mesmo!
Carla, e por nos ter sido passado por outros, torna-se muito mais valioso!
E a receita desses pastéis de batata doce, podes partilhar ou são segredo de família? :-)
Querida,
e isto fez de ti a mulher maravilhosa e especial que és.
Eu agradeço à Vida por te ter colocado no meu caminho e fazer de mim uma pessoa mais rica.
Podias ficar por aí, porque bastva, mas acredita que ainda vais aprender muito mais, aliás vais sim aprefeiçoar o tanto de bom que já tens.
Um enorme beijo com muito carinho.
(que orgulho em ter-te como amiga)
Cada pessoa tem sempre algo a ensinar e não somos todos completos!
Eu tb aprendo muita coisa com os meus filhos mulher e parentes! mas claro...depois limei arestas e adaptei ao meu gosto hehe :P
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