24 de setembro de 2012

Amizades de pequena

"Gosto de pensar que a vida nos arrebata os amigos de infância por que sim, mas nem sempre acredito nisso" 

In A Sombra do Vento, Carlos Ruiz Zafón

Às vezes prefiro acreditar nisso mesmo, porque as razões pelas quais as amizades de infância se esfumaram no ar, encerram alguma mágoa, não sem responsabilidade própria...
Porque a vida se encarrega de nos mostrar que podemos seguir caminhos diferentes e permanecer em amizade duradoura, numa espécie de ligação a roçar o fraternal e essas resistem estóicas, intocadas e reforçadas numa evolução que segue em paralelo, independentemente de tudo!
Mas pode e consegue apartar almas que simplesmente não resistem aos testes que ela impõe, deixando apenas uma réstia enevoada de que algo existiu em tempos e que teve o seu quê de profundo, mas que não se consegue replicar sucessivamente...

4 comentários:

Nadine Pinto | Fotografia disse...

Só tenho uma amizade de infância bem viva: uma amiga que conheci na pré-primária, aos 5 anos. Lá está, o teu segundo parágrafo resume muito bem esta minha amizade.

Anónimo disse...

Olha, eu sempre fui muito amiga, aquela amiga, a que estava sempre lá. Fui das ultimas a ganhar vida própria (leia-se casar, e já tinha uns, vá, 26 anos, ahahahahah).
Bem, o certo é que algumas amigas se sentiram, foi tão estranho, como se tivesse que permanecer lá a 100%. E cobram, sabes? Chegaram a dizer-me que depois o casamento acabava e eu ia ver-me sem amigas... true!
Depois há as outras, que estão lá e eu cá e quando estamos juntas é comos e fosse ontem e se algum dia uma de nós precisar sabe com quem contar... tão simples mas tão complexamente maravilhoso.
Uma das minhas melhoras amigas, vejo-a uma ou duas vezes por ano. Estivemos juntas há 1 mês. Entre os miudos, as pessoas que vinham falar e milhentas interrupções, conseguimos trocar opiniões sobre: ferros com caldeira - aconselhei-a a comprar e panelas de pressão - odeio, não faz falta nenhuma. Depois... depois partimo-nos a rir com o ponto a que chegámos. E é isto!
Há tempos a Melissa e mais alguém escreveram sobre desfazermo-nos das coisas e das pessoas que não interessam... é algo que faz mesmo pensar, sabes?

Naná disse...

Lacorrilha, das três grandes amigas de infância ainda mantenho uma, que é a que descrevo nesse segundo parágrafo.

Vera, também eu fui das últimas a amantizar-me, e já aos 27. E se eu sei que cobram?! Como sei, nem queiras saber o quanto sei! Mas uma dessas amigas cobrava-me aquilo que ela própria não estava disposta a fazer por mim, e logo eu que nunca fui de cobrar aquilo que sempre fiz de coração. Só que a dada altura achei que a balança da amizade nunca pendia a meu favor... bastou deixar de telefonar e de aparecer, à laia de teste e perceber que o meu pai sempre tinha avaliado bem aquela amizade.
Depois tenho uma amiga, a minha mana Goudinha, somos amigas desde os 5 anos e somos um pouco como tu e a tua amiga, só que nós vemo-nos um pouco mais que duas vezes por ano. Quando falamos ao telefone, tem que ser pelo menos 1h (obrigada Vodafone por me permitires falar durante 1h por apenas 0.60€!!), mas nós falamos mais de uvas, de vinho e sempre cuscamos um bocadinho!

Quanto a desfazer-nos das pessoas que não interessam, passei a perceber a lógica disso. Basicamente acho que passa por aprendermos que aquelas pessoas já cumpriram o seu papel nas nossas vidas e aceitar isso mesmo...

Ana disse...

Só tenho uma amiga de infância, mas como se mudou para Inglaterra há sete anos, só estamos juntas duas vezes por ano :(
Felizmente, há cerca de 9 anos, num local onde trabalhei, encontrei três amigas, que sei que serão para a vida toda, não tenho a menor dúvida.

Achei interessante essa de desfazer-se das pessoas que não interessam e concordo contigo, papel cumprido!
Beijinhos