30 de março de 2012

A oliveira


Enorme e frondosa, junto ao tanque de água.
A maior de todas as que o meu avô tinha nas suas terras, e a que dava mais azeitona e azeite.
Onde o meu pai, a pedido da minha mãe, colocou um tanque de lavar roupa, para que ela pudesse estar à sombra nas manhãs de sábado, destinadas às lides de lavadeira.
Onde me sentei tantas vezes, fazendo companhia à minha mãe, brincando com as flores do campo, que nasciam bravias, e observando os bichinhos na sua labuta quotidiana.
Debaixo dela o meu avô guardava as enfusas cheias de água para beber, para estarem frescas quando regressássemos a casa à hora do almoço.
Foi debaixo desta oliveira que descobri que havia escaravelhos capazes de modelar estrume numa bola perfeita e empurrá-la encosta acima como quem tem um guindaste.
Adorava sentar-me à sua sombra e ficar quieta a ouvir o som dos restolhar dos ramos quando o vento lhe dava.
Não me sento debaixo desta oliveira há bem mais de uma década, o caminho para lhe chegar está praticamente impedido pelo silvado que se vê na imagem... que ido ganhando terreno devido à falta de arado e enxada para trabalhar a terra.
Fiquei a observá-la cá de cima, e senti uma tremenda nostalgia!
Porque de certo modo crescemos juntas...

5 comentários:

t disse...

recordação boa :) e que companheira de vida boa!
***

Turista disse...

Querida Naná e não dá para recuperar toda essa envolvência, que te diz tanto?
Beijinhos.

Especialmente Gaspas disse...

Oliveiras antigas são arvores fantásticas! Tenho a sorte de ter aqui algumas plantadadas pelos avós e bisavós do meu marido :)

mfc disse...

Uma evocação sentimental muito linda!
Bons tempos...!

Beijinhos.

Isilda disse...

Espero que volte o tempo de te sentares debaixo dessa oliveira...
Beijinho