23 de maio de 2011

Filha de Abel, Abela é...

Há uns anos atrás, tinha eu cerca de 16 anos, estava eu atrás do balcão do restaurante da minha prima R., na minha Arrifana, quando ao atender um sr. de meia idade, este faz o seguinte comentário:
- Menina, eu conheço-a!
Eu - Se me conhece, desculpe, mas eu não o conheço a si...
Sr. - mas a sério, não me leve a mal, eu tenho a certeza que a conheço!
Eu - não estará a confundir-me com alguém? É que eu estou certa que não o conheço. Nem mesmo de vista.
O sr. continuou a insistir comigo e a fazer-me perguntas, na tentativa de situar locais ou acontecimentos de onde me pudesse conhecer.
Eu, "Naná na idade da impetuosidade e imapciência", comecei a sentir-me altamente incomodada e a achar que o homem devia estar a tentar alguma manobra de engate disfarçado ou; possivelmente precisaria de apoio psicológico ou psiquiátrico e tinha tirado a manhã para me azucrinar!...
Eu tentava desenvencilhar-me dele, já tinha abandonado o meu habitual estado de simpatia e boa disposição que me caracterizava quando estava a trabalhar no restaurante, quando a minha prima R. "topando a cena" chega ao balcão, para pôr cobro à coisa e atalhar a "sarrazinação" do homem, que insistia que me conhecia.

Quando a minha prima R. chega ao balcão, reconhece o sr. como rapaz dos tempos de juventude dela. E ele começa o processo de inquirição com ela:
Sr. - onde arranjaste esta empregada? tenho a certeza que a conheço!!
Eu (já a revirar os olhos) - pois, mas eu nunca o vi mais gordo na vida... (logo eu, que tenho memória fotográfica dos rostos, e que me valeu bastante na identificação de caloteiros enquanto lá trabalhei)
Prima R. - é minha prima!
Sr. - prima? por parte de quem?
Prima R. - é filha da minha prima Vera!
Sr. - Vera? Não conheço... Mas essa tua prima era de onde?
Prima R. - era daqui. Casou com o Abel.
Sr. - Qual Abel?
Prima R. - tu deves conhecer, morava na Alfambras, lá próximo de ti, no Selanito!
Sr. (com ar de quem foi atingido por um pedregulho) - não acredito!!! é isso!!!! (com aquele ar de Eureka, I saw the light)
Eu continuava sem perceber nada, porque eu NÃO conhecia o bendito homem...
Sr. - Tu és "cuspida e escarrada" o teu pai, quando era da tua idade! Pois realmente tu nunca me viste e eu nunca te vi, porque não vejo o teu pai vai para 20 anos... mas tu és a cópia exacta do teu pai, só que versão rapariga!
O Sr. não era mais do que um dos grandes amigos de infância e juventude do meu pai e tinha ido viver para Lisboa, tendo perdido por completo o contacto com o meu pai.

Conclusão: eu sempre soube que era filha do meu pai, se dúvidas tinha, desvaneceram-se neste preciso momento!
É claro que o Abel quando soube, ficou todo babado por alguém dizer que eu era assim tão parecida com ele...

3 comentários:

mfc disse...

Imagino o teu sorriso!

Tanita disse...

E agora continuam amigos?
E tu? já deixaste de fazer esse sorriso amarelo para o Sr.? há com cada coisa, bem podias estar a dizer que não o conhecias de lado nunhum :)

Naná disse...

Mfc, sim fiquei mesmo sorridente!
Tanita, não não houve nenhum reatar da amizade... além disso, o meu pai já faleceu...