14 de fevereiro de 2011

Albertina, minha heroína!!

A Albertina é minha tia e foi quem eu tive o prazer de escolher para ser minha madrinha! Se bem que às vezes me esqueço disso... porque ela é e sempre será a minha tia, mas principalmente a minha ídola, a minha heroína, o exemplo de força e determinação aliada à praticalidade encarnada em pessoa, que eu sempre almejei ser!
A Albertina é a única tia que me resta, irmã mais velha do meu pai, tem 78 anos e como se costuma dizer, está rija e forte e aí para as curvas!
Eu e a minha prima M. (neta dela) costumamos dizer que queremos chegar à idade da Albertina com a mesma genica, espírito prático e lucidez que ela apresenta!
É uma mulher que não se detém a nada, tão directa que às vezes até nos choca... mas se ela não fosse assim não seria a Albertina!
Sempre foi muito trabalhadora e com a reforma não ficou parada, nem por sombras! Inscreveu-se num grupo de marchas e à conta disso, já percorreu todos os recantos e mais alguns desta região algarvia. Um dia caí na asneira de lhe perguntar quantas terras já conhecia e ela começou a sua lista, longa e enorme, enumerando até mesmo aquelas terras onde esteve por mais do que uma vez. Acabei por concluir que teria sido mais fácil perguntar-lhe aquelas em que ela não tinha ainda posto o pé...
Não é mãos largas, mas não é forreta, ao contrário do seu irmão, meu pai... É poupada qb e quando precisa de gastar para melhorar o seu grau de conforto, nem pestaneja!
Ela consegue mostrar-nos sempre uma outra perspectiva, mais prática, para tudo!
Lembro-me de uma vez ter ido visitá-la num dia em que sentia a opressão do desemprego, o estado deprimente de não me sentir útil à sociedade e de não ter meios para me poder sustentar e por isso, andava num quase-estado de "carpideira". E ao iniciar os meus desabafos, ela que se tinha sentado à janela, fazendo a sua incessante "renda", diz-me: "pois, a vida é díficil... lembro-me quando morava no Cerro das Pedras e o teu primo só tinha um fatinho de domingo. Ia uma vez por mês à vila comprar algumas poucas coisinhas para casa, sabão, açucar, porque tínhamos pouco dinheiro. Não havia dinheiro para comprar sapatos, e o que tínhamos era para o bilhete da camioneta e algumas coisas que pudéssemos comprar!". E eu senti-me tão "estúpida", porque vivia com bem mais do que ela viveu quase toda a sua vida... lembro-me bem do meu pai comentar que por vezes o jantar que tinham eram "batatas de caldo"...
Outra pérola da Albertina foi uma vez que lhe estava a dizer que me tinha inscrito em aulas de ioga, e quando lhe tentava explicar, ela responde muito rápida e ladina: "não precisas explicar o que é, porque eu ando nas aulas de Tai-Chi" e eu fiquei boquiaberta sem resposta!
Mas o melhor exemplo de força que tenho dela foi a forma como ela encarou a morte do marido, com quem partilhou a vida durante mais de 50 anos. Chorou a sua perda, sim senhora, mas fê-lo à sua maneira. Assim que o funeral terminou, juntou os dois filhos, a nora e o genro e convocou-os para uma reunião, para discutirem a partilha dos bens. No mês seguinte, deu a volta à casa toda, deu o que entendeu que já não precisava e atirou para o lixo tudo o que já não prestava! E passados 15 dias, quando o meu pai lhe ligou para saber como estaria ela a recuperar, perguntou-lhe: "diz lá o que queres?!", ao que o meu pai respondeu: "era para saber como estás" e ela remata: "olha, eu estou bem! E não precisas de andar sempre a ligar para cá, que eu estou bem!"
Por tudo isto e muito mais, a Albertina é a minha heroína. Gostava de ser assim como ela, prática, directa, determinada!
Mas sou infinitamente sortuda por tê-la conhecido e é com orgulho que digo que somos da mesma família!

2 comentários:

mfc disse...

Uma mulher de armas!
Parabéns por essa tia que tens.

Ni! disse...

Grande Albertina! Até eu gostava de a conhecer!
Beijo pra ti e outro para ela.
Ni