tirada da net |
Quando era miúda e passava os fins-de-semana na vila de Aljezur, adorava o sino da igreja no cimo do monte!
Além de dar as badaladas das horas, meias-horas e quartos-de-hora, tocava a repique consoante a ocasião.
Sabíamos sempre quando o sino tocava por motivos alegres, nos dias dos casamentos ou dos baptizados.
Ouvíamos a convocatória para a procissão da N.ª Sr.ª de Alva, padroeira da vila, ou para o Cortejo do Dia de Ramos ou para o Domingo de Páscoa.
E sentíamos o arrepio na espinha quando ouvíamos o sino repicar a informar que alguém morrera e portanto, iria decorrer uma missa fúnebre e respectivo funeral.
Confesso que nestas alturas, sentia-me assustada com a mensagem que o sino passava... o meu coração apertava-se! Era como se o sino nos dissesse que devíamos ficar tristes perante o desaparecimento de alguém e estarmos solidários e empáticos com a perda de alguém...
E esta tradição foi-se perdendo, também porque a vida dá voltas e leva-nos para longe desta rotina pacata das aldeias e vilas...
Mas quando mudei de casa há pouco tempo, uma tarde sou surpreendida pelo repicar fúnebre do sino da vila onde agora habito...
E senti aquele arrepio na espinha, como outrora... senti o mesmo dever de condolência e tristeza, apesar de não conhecer ninguém na vila.
Algo me transportou no meu imaginário de infância e agora voltei a prestar atenção aos sons que o sino da vila toca, no cimo do monte!
1 comentário:
Há coisas que nunca se esquecem, são as memórias mais profundas, as auditivas e olfactivas ficam entranhadas em nós e só despertam perante o estímulo idêntico. Algumas são magníficas... :)
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