8 de março de 2016

O Dia Internacional da Mulher

Ontem, véspera do tão aplaudido dia internacional da mulher assisti a esta cena, na cafetaria duma cadeia de supermercados nacional, que dá que pensar porque é que ainda é preciso assinalar esta efeméride.

Estava eu a ser atendida pela funcionária, a fazer o meu pedido para o pequeno-almoço, quando sou interrompida sem qualquer consideração por um senhor cliente que já tinha sido atendido e consumido o que pedira.

O senhor pretendia reclamar do pão, que ao que parecia, teria vestígios de sangue (se bem que podiam muito bem ter roçado num qualquer pão com chouriço) e não se fez rogado em clamar alto e bom som, furioso com a funcionária que aquilo era inadmissível e que "agora tenho que ir à casa-de-banho meter os dedos à goela e despejar tudo, porque não me sinto bem!"

A funcionária tentando minimizar a coisa, para de me atender, e pede ao senhor que aguarde, que ela vai pedir ao colega da secção de padaria que veja o que se poderá ter passado.

O cliente, todo engalanado, bufava "sim, chame-o lá que eu quero conversar com ele!"

A funcionária regressa para acabar de me atender, e o cliente continua com invectivas contra ela, que queria uma explicação.
A funcionária respirou fundo e pediu-lhe que aguardasse pelo seu colega, responsável pela padaria, para lhe dar uma explicação ou pelo menos registar a sua reclamação.

Quando vejo o colega da padaria vir atendê-lo e estando eu à espera de ser servida, assisti com alguma curiosidade ao desfecho da coisa. E o que vi deixou-me boquiaberta!
O cliente, que poucos minutos antes parecia possuído a falar com a funcionária, falava agora mansinho com o colega da padaria.
É certo que reportou o mesmo problema com o pão e voltou a dizer que "tinha que ir despejar tudo à casa-de-banho". Mas o tom... completamente diferente. Para com a funcionária só vi agressividade, para com o funcionário já falava calmamente e no fim até já parecia compreensivo e dizia "pois, veja lá o que se passou em relação a isso..."

Por este tipo de pequenas atitudes que se podem encontrar um pouco por toda a parte é que ainda é necessário assinalar e enaltecer o papel das mulheres. E estando nós no ano de 2016, não só acho incrível como absolutamente lamentável....

2 comentários:

Amigo Imaginário disse...

Acho que, infelizmente, já vem de pequeninos essa propensão para baixar o tom quando falam com um outro homem... Mas concordo contigo, ainda há tanto por fazer. Fico feliz por ter sido mãe de homens, a mudança também começa pela forma como os educamos.

E que bom ter-te de volta! <3

Joana disse...

É lamentável o que assististe e o que existe infelizmente escondido dentro de tanta casa. Um longo caminho a percorrer... Beijinhos