23 de julho de 2015

Infância que a memória retém

A Margarida publicou uma foto no IG que me levou de imediato à infância.
Era uma imagem do pai dela a regar a horta, com a ajuda do filho dela, tal e qual como vi o meu pai fazer dezenas e dezenas de vezes, até registar nesta minha moleirinha os princípios da rega por gravidade, de como se abriam e fechavam os regos, para a água passar e chegar a todas as plantas. 
Se hoje tivesse que regar uma horta usando este método, acho que me sinto capaz o suficiente para manejar a enxada e abrir e fechar regos.
Quando vejo imagens deste tipo, não só sou acometida duma onda saudosista fortíssima, como fico sempre com aquele sentimento de angústia profundo por não poder proporcionar este tipo de vivências aos meus filhos, apesar de ter terras que posso e devia estar a cultivar!
Às vezes penso que estou apenas a projectar nos meus filhos os meus desejos, a querer repetir neles as mesmas vivências da minha infância. E resisto a fazer isso, porque a minha infãncia foi duma forma e a deles não é e nem tem que ser igual à minha. 
Mas não posso deixar de lastimar de alguma forma o facto de não lhes estar a proporcionar vivências felizes como estas, de vida no campo, com saberes ancestrais, e pelas quais hoje em dia me sinto privilegiada por ter tido. De contacto com a natureza, de aprendizagem sobre de onde vêm os vegetais, como nascem e crescem antes de serem colhidos e alinhados numa banca do mercado ou do hiper.
Acho que este tipo de experiências são inestimáveis e ajudam a moldar o nosso ser. Pelo menos falo por mim! Além de ter tido uma infância absolutamente feliz, pela liberdade que o campo me trouxe, aprendi coisas das quais me orgulho muito de saber e que contribuíram largamente para ser quem hoje sou!

4 comentários:

Soneca disse...

Sinto-me exactamente da mesma maneira. Este texto reflecte, linha por linha, a minha infância, a minha pessoa.
Acima de tudo acho que temos é de agradecer por termos tido uma infância tão abençoada e acima de tudo rodeadas pelas pessoas certas. Sim porque se não fossem essas pessoas dificilmente estaríamos aqui a partilhar.
:)

Amigo Imaginário disse...

Algo me diz que estarás a passar-lhes outro tipo de ensinamentos igualmente importantes...

Naná disse...

Soneca, na mouche! Se não fossem essas pessoas não seríamos quem somos e nem estaríamos a partilhar :)

Amigo Imaginário, espero bem que sim! :)

Paula disse...

Nós fazíamos isso com o meu avó… e fazíamos barquinhos com pequenas canas que iam pelos carreirinhos fora… memórias tão boas...