Esta questão é delicada.
Especialmente quando enquadrada desta forma.
Acontece-me sonhar muitas vezes que tenho que abandonar a minha casa às pressas, não sei muito bem a razão... Às vezes é um incêndio que consome tudo, outras é alguém que me persegue, com intenções menos agradáveis.
Talvez seja algum receio reprimido desde os tempos da adolescência, naquele dia do incêndio de 1993 que por pouco não destruiu a minha casa de Aljezur, onde na altura estava a passar férias com os meus pais. Ainda equacionámos ficar a "defender a casa", mas o meu pai decidiu-se pela nossa auto-preservação.
Nessa tarde, logo depois do almoço, reuni além das minhas roupas, a máquina de escrever que a minha mãe me tinha oferecido aos 9 anos, o meu walkman e as minhas cassetes preferidas. A escolha não foi muito difícil porque na altura as minhas "possessões materiais" não eram assim tantas e a maior e mais importante parte delas, estavam a salvo, na minha residência a pouco mais de 50 km dali.
Mas nos sonhos, muitas vezes sinto o pânico de ter que sair de minha casa só com a roupa do corpo e não haver tempo para levar comigo o que eu mais prezo. Há sonhos em que levo os livros, noutros os cd's eleitos dos eleitos.
Mas numa situação real... não sei a que me agarraria para levar comigo... não sei o que o discernimento urgente de quem tem que fugir com pouca coisa me levaria a escolher... o ouro? um livro? um objecto? comida? dinheiro? roupa?
Uma coisa talvez não quisesse mesmo deixar ficar para trás... o album de fotografias de família.
5 comentários:
As fotografias sim… há quem diga que devemos ter um disco externo com todas, numa mochila que nos acompanhe em caso de emergência. Eu levaria também o Fernão Capelo Gaivota que a minha avó me deu, mas primeiro as fotos, sem dúvida.
Eu já fugi mesmo e trouxe apenas o que cabia no carro. Roupa, computador, CDs, alguns brinquedos para os miúdos e (poucos) livros. Acho que era o essencial. Tudo o resto foi aparecendo, depois, aos poucos.
Paula, as fotos são mesmo imprescindíveis!
Amigo Imaginário... ai... nem imagino o que deve ter sido! Mas eu sou muito apegada a coisas, nem tanto pelo valor monetário delas, mas pelo valor sentimental que lhe cunho...
Ai que me puseste a pensar...
Não sei o que trazia, nem o que não choraria baba e ranho por não ter trazido.
Há "cenários" que mais vale não os fazer.
Questão dificil, mas já pensei fazer um kit sobrevivência :)
Enviar um comentário