22 de março de 2013

22 Março 1938

Hoje completarias 75 anos.
Hoje iria visitar-te e dar-te-ia um enorme abraço e muitos beijinhos, como sempre fazia.
Ficaríamos a conversar sobre isto e aquilo, sobre o que fizeste, o que eu fiz, contar-te-ia todas as tropelias do teu adorado neto, de quem morrias de saudades, mesmo que ele tivesse apenas 6 ou 7 meses... Irias rir com aquele teu gargalhar tão característico e passarias a mão pelo teu cabelo grisalho e ondulado, num tique nervoso.

Eu sei que tivémos tantas divergências, eu sei que a partir da minha adolescência te viste em papos de aranha para compreender-me, para me aceitares com o meu feitio, com a minha personalidade efusiva e impulsiva. 
Eu sei que em muitas ocasiões fui injusta contigo e lamentavelmente só após a maternidade compreendi isso, e já não fui a tempo... 
Em certas ocasiões ainda faço o gesto instintivo e irreflectido de pegar no telefone para te ligar... e talvez por isso ainda tenho o teu número de telemóvel na minha lista de contactos...

Apesar de as nossas discussões terem deixado marcas permanentes na minha memória, e por isso luto por ser capaz de aceitar críticas sem reagir mal e de forma defensiva, sem grande sucesso... recordo muito mais os nossos momentos a dois, quando eu era pequena e te idolatrava, te considerava o meu herói e o modelo de homem que eu queria na minha vida, para ser meu companheiro.

Recordo igualmente as tuas mãos envelhecidas por muitos anos de vida a trabalhar, principalmente no campo. Recordo as rugas e as cicatrizes que tinhas nas mãos e nunca esquecerei que o formato da minha mão é a cópia quase exacta da tua e de como eu adorava comparar a minha mão à tua!

E para sempre guardarei na memória que me chamavas carinhosamente "caganita" e mesmo com 31 anos, me beijavas e dizias que eu "cheirava a pequeninos!"...



4 comentários:

Tanita disse...

Um beijo querida. Tenho a certea que ele sabe o quanto gostas dele e as saudades que tens.
És tão aprecida com o teu pai...
Beijos** e bom fim-de-semana**

Susana Andrade disse...

O que deixamos por dizer é sempre complicado de gerir quando não há volta a dar, ou uma oportunidade para dizer. Acredito que recordar com saudade e fazer um balanço do nosso passado, do que queremos para o nosso futuro e nunca esquecendo quem nos faz tanta falta e que não podemos voltar a tocar e a falar é uma forma de 'remediar' o que de menos bom fizemos ou deixámos por dizer. Acredito que os nossos queridos que já partiram nos ouvem, ainda que em pensamentos só nossos. O importante é manter a sua memória viva ainda que a escrever aqui, a contar aos nossos filhos como foi a nossa infância, falar dos que eles não chegaram a conhecer. Existem palavras e frases que não esquecemos, o teu pai era um querido ;o)

Unknown disse...

Um beijo e um abraço forte Naná.

Meu Velho Baú disse...

As pessoas que amámos estarão sempre no nosso coração.
Beijinhos e Bom Fim de Semana