3 de outubro de 2012

Socializar por aí...

- Porque não estás nas aulas? Vejo-a todos os dias a passear.
- Oh! Não faço lá falta. Sou anti-social, parece. Não me misturo com os outros. É estranho. Porém, para mim, acho que sou muito social. Tudo depende do sentido que se dá à palavra, não acha? Ser social, para mim, é falar-lhe como lhe estou a falar, por exemplo, ou falar do estranho mundo em que vivemos. É agradável encontrarmo-nos com outras pessoas. Não vejo o que há de social em pôr uma quantidade de pessoas juntas para as impedir de falar. Não é da mesma opinião? Uma hora de aula televisada, uma hora de basquetebol, de basebol ou de corridas a pé, uma outra hora de transcrição de história ou de pintura e mais uma vez desportos mas, sabe, nunca ninguém faz perguntas ou, pelo menos, a maior parte de nós não as fazem; contentam-se em meter as respostas na cabeça, bing, bing, bing, e ficam sentados quatro horas seguidas perante filmes educativos. Isso nada tem de social, para mim. Faz-me lembrar um barril onde se deite por um lado água que torne a sair pelo outro e que depois nos digam que é vinho. Eles embrutecem-nos de tal forma que, ao fim do dia, apenas nos sentimos capazes de ir para a cama...”
    In Fahrenheit 451 de Ray Bradbury

1 comentário:

Uba disse...

Adorei o excerto. :)
E concordo com a definição!