22 de outubro de 2012

Morte em pequenas doses

Morre lentamente

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda

Lê, relê e repete até à exaustão, para nunca esquecer aquilo que sempre consideraste importante, Naná!!!

4 comentários:

Jardim de Algodão Doce disse...

Tão verdadeiro! E sim, dá que pensar muito.

luisa disse...

Por vezes o desânimo e a rotina fazem-nos esquecer de tudo isto. A preguiça é outra má companheira. E eu também tenho os meus momentos de mal acompanhada. Vou ler e reler. :)

Tanita disse...

Há dias em que só vemos o lado negro das coisas, da nossa vida. Mas depois noutros a luz acende e tudo parece mais fácil. Nada como ter alguém que nos faça ver essa luz, que nos abra os olhos mas que também esteja lá, sempre que precisemos.
Eu sei que te tenho a ti e tu sabes que estou sempre aqui, sempre. Todos os dias e à distância de um telefonema, click... bj**

Tanita disse...

Já agora, belíssima escolha. Adoro o Pablo Neruda.