16 de maio de 2012

O teu rosto será o último

tirada da net

Vá-se lá saber porquê, nunca fui muito dada a ler livros de autores portugueses, em particular os de autores mais contemporâneos. 
De alguma forma, parece que os títulos(*) dos livros não me despertam a atenção como os de autores estrangeiros. 
É estúpido, eu sei... porque já li livros de quase todos os grandes autores portugueses (clássicos) e sei bem que somos um povo de poetas e escritores geniais!

Mas nas raras vezes em que pego num livro de um autor nacional com algum entusiasmo e sem aquela vozinha chata e impertinente do subconsciente, a dizer que possivelmente vou ter uma desilusão (Pedro Paixão, com Porto Kyoto) e que o dinheiro que gastei no livro deste ou daquele novo escritor da nossa praça, sucede que acabo por ter surpresas bem boas e descubro talento a rodos. 
E eu gosto tanto de descobrir talentos da escrita!! Parece quase que descobri um tesouro!
Foi o que me sucedeu quando decidi comprar o livro "O teu rosto será o último" do João Ricardo Pedro. Ao ler a sinopse, que dizia que a história começava no dia 25 de Abril de 1974 e tendo passado poucos dias sobre a sua comemoração, e estando eu ainda imbuída do espírito da liberdade e da democracia, não demorei muito a decidir que ia levar esta história para ler!
Não só não me desiludiu, como senti que descobri um tesouro de escrita criativa. Deliciei-me a ler esta história, dei por mim a rir à gargalhada em alguns capítulos e noutros senti um nó na garganta de tristeza contida.
É uma história bem como eu gosto: corrida e rápida de ler e cheia de pormenores que se interligam de formas insuspeitas e inesperadas! Daquelas a que não descanso enquanto não chego ao final...


O João Ricardo Pedro recebeu por este livro o prémio Leya 2011 e julgo que foi mais que merecido! Além disso, gostei da humildade que demonstrou no dia em que recebeu o "galardão" e principalmente o facto de ter sabido agradecer a quem lhe possibilitou pôr este rasgo de escrita no papel, a esposa!
É caso para dizer que o melhor que lhe podia ter acontecido, ao autor, foi ter sido atirado para o desemprego...

Atenção, nada de começarem a pensar que eu concordo com o PM quando diz que o desemprego deve ser visto como uma oportunidade de mudar de vida... 
Porque como diz o próprio João Ricardo Pedro: "...existem neste momento tantos desempregados em Portugal que a probabilidade de um deles ganhar o prémio Leya era bastante elevada..."

(*) - para explicar num outro dia

4 comentários:

Lemon disse...

Gostei do título, tenho uma relação estranha com títulos se gosto temos namoro ;)
Gostei deste.

Sofia Amaral M. disse...

Fiquei com vontade de ler;)

Já estava curiosa após as palavras do autor que me encantaram,quando recebeu o prémio,

Naná disse...

Lemon, comigo também é assim!

Borboleta Serrana, eu adorei mesmo! Até fiquei triste ontem por já não ter mais para ler...

triss disse...

Também fiquei curiosa, vou esperaar que venha para a biblioteca.

De outros autores portugueses jovens recomendo "Materna Doçura" de Possidónio Cachapa, e "O Apocalipse dos Trabalhadores" do Valter Hugo Mãe, uma delícia.