tirada da net |
Esta foi uma questão que
colocaram numa entrevista de emprego a que fui, alguns meses após
ter concluído a minha licenciatura.
Na altura e, tendo em
conta que a entrevista era para o preenchimento duma vaga como
empregada de balcão numa loja que comercializava telemóveis, achei
a pergunta estapafúrdia, principalmente porque nunca despendera
muito tempo da minha vida a pensar nisso.
Além disso, também me
pareceu algo despropositado, porque todos os planos pessoais e
profissionais que pudesse ter, não eram para ali chamados, porque eu
não conhecia o entrevistador nem mais gordo nem mais magro. E planos
de vida futura, pessoal ou profissional, a mim (naquela altura)
pareciam-me mais o tipo de assunto que eu discutiria com família
chegada e amigos de confiança.
Uns meses passados,
comentei com uma conhecida minha que procurava emprego, que me tinham
formulado aquela questão. Ela, formada na área de psicologia e
conhecedora de algumas técnicas de recrutamento, explicou-me que era
uma questão bastante básica e perfeitamente normal em entrevistas,
para que pudessem perceber se eu era uma pessoa com ambições e
orientada para seguir determinados objectivos!
Pois que voltaram a
colocar-me essa questão cerca de 5 anos mais tarde e a minha
resposta foi rápida, directa e bastante frontal!
Se em 2001, via-me dali a
5 anos a trabalhar para o Corpo Diplomático do Ministério dos
Negócios Estrangeiros, como adida, em 2006 respondi que isso era
muito relativo! A pessoa ficou confusa e pediu-me para elaborar e eu,
claro, elaborei!
Que em apenas um ano
todas as circunstâncias da nossa vida mudam, sejam a nível pessoal
ou profissional e que a vida tinha-se encarregue de me mostrar isso
mesmo e terminei com esta frase:
“Se em 2001 eu
achava que ia ser uma futura Embaixadora ou quem sabe uma funcionária
duma ONG a trabalhar num qualquer país subdesenvolvido, nada me
faria alguma vez crer que seria Técnica de Segurança do Trabalho e
muito menos iria trabalhar no ramo da construção civil!”
Se à minha resposta, o
primeiro entrevistador ficou com aquele ar de “Ya, tá bem! Deves
mesmo conseguir...”, o segundo entrevistador ficou perfeitamente
desconcertado.
Perante o ar confuso do
senhor, decidi acrescentar que o que tinha aprendido com esta mudança
de profissão tão “díspar”, chamemos-lhe assim, foi que não
podemos ter planos demasiado rígidos e fixos e que devemos estar
preparados para nos adaptar rapidamente ao que muda na nossa vida,
mas principalmente a ter a capacidade de dar a volta, mesmo quando
achamos que aquilo não era nada do que queríamos.
Porque mais tarde, pode
dar-se o caso de gostarmos mesmo do que a mudança de circunstâncias
nos trouxe!
Cerca de um ano e meio
depois de ter entrado no mundo das obras, abriu finalmente concurso
para o Corpo Diplomático do MNE, que eu aguardava desde que me
licenciei. Quando acabei de ler o aviso de concurso senti-me algo
indiferente perante aquilo e fiz a candidatura por mero descargo de
consciência, para ver até onde conseguiria chegar no concurso,
visto que eram sempre 10 cães a um osso. Neste caso, acho que éramos
2100 candidatos para 40 vagas.
Mas quando vi os temas
sobre os quais teria que me debruçar nas provas de conhecimentos
gerais e específicos, achei que saber a política externa portuguesa
desde o tempo do rei D. José I e a importância do Marquês de
Pombal e da sua política, pouca utilização prática tinham para a
minha vida profissional, já que eu me tornara uma pessoa cuja tarefa
era tentar ajudar quem trabalha a chegar ao final do dia vivo e sem
grandes mazelas do trabalho pesado que tinham que desempenhar na sua
vida activa.
Eu que sempre quisera
trabalhar no estrangeiro, acabei por trabalhar em Portugal com mais
estrangeiros do que poderia pensar!
Por isso, nunca penso
naquilo que quero para a minha vida de forma muito rígida ou
estanque. Se não alcançar esse objectivo, não é nenhum drama. Se
tiver que me reinventar, porque não?!
Eu prefiro sonhar com
coisas que quero viver, alcançar! E chegar ao dia em que as
concretizei e perceber isso mesmo!
Mas aproveito o que se
vai passando até lá, e isso torna tudo muito mais interessante!
7 comentários:
Querida Naná, nos tempos que decorrem, como poderemos fazer previsões do que estaremos a fazer daqui a 5 anos? Se as coisas mudam à velocidade luz, e o que era um dado adquirido há um mês atrás, deixou de o ser hoje, como o 13º mês, por exemplo!
Um dia de cada vez, será cada vez mais a norma!
O que não quer dizer que se deixe de sonhar... ;)
AMIGA
como podemos prever o que teremos daqui cinco anos? nem daqui a um minuto quanto mais a longo prazo!!
infelizmente o nosso futuro é tao incerto como tem sido o clima
kis .=)
Daqui a 5 anos?!
Quero estar vivinho da Silva e ver este governo humilhado nas eleições e se possível que o PS também não tenha muitos votos!
Realmente não sabemos o que vai acontecer em 6 meses quanto mais em 5 anos. Há 5 anos atrás nunca pensei ter, nem estar onde estou. Por isso, se me fizerem essa pergunta respondo com a mesma pergunta, só para ver a cara do sr.entrevistador.
Bj**
Não sabia que pensaste entrar no corpo diplomático. A minha irmã tb chegou a ir trabalhar para fora em duas Embaixadas e também pensou nisso quando terminou o curso mas agora já não tem tanta certeza...
Eu iria mais longe, é verdade que eu tenho planos para daqui a 5 anos mas ao mesmo tempo sinto que não vai ser nada daquilo que eu planejei. Podem-se concretizar algumas coisas mas já aprendi que a vida é caprichosa e leva-nos por caminhos que nunca pensámos, às vezes até são melhores! Por isso é como dizes, ter um objectivo, um sonho mas estar capacitada para a mudança.
bj!
É aquela pergunta chapa a que normalmente se dá a resposta que o entrevistador está a espera, que não mostre que o entrevistado é uma pessoa sem ambição e ao mesmo tempo que não dê a ideia que é uma pessoa arrogante, sim, porque ainda há pessoas que respondem "daqui a 5 anos quero estar no seu lugar"!!!
Também acho uma pergunta um bocado sem sentido e confesso que sempre tive dificuldade em responder com sinceridade porque não consigo traçar um objectivo a tão longo prazo!
Bj
Esse tipo de perguntas já não se podem fazer nestes tempos. Mas a resposta mais provável é no desemprego! :)
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