Em certos dias, quando tenho tempo, páro e fico a observar o mundo em meu redor.
Gosto de parar dez minutos e ficar ali quieta, a ver o mundo a desenrolar-se à minha volta. Observo a expressão desta ou daquela pessoa, a atitude que tomou perante um dado acontecimento.
Ontem tive um desses momentos de "exploradora do National Geographic sociológica" enquanto acabava de almoçar na zona de restauração de um centro comercial muito frequentado da minha cidade natal.
E a atenção prendeu-se num casal de idosos que almoçavam pacatamente numa mesa, que por acaso tinha outra mesmo junta, vazia.
A dada altura, uma jovem adolescente pergunta se a mesa está ocupada e o idoso responde com um aceno que não. Mas julgo que ele esperava que a jovem se sentasse e não que lhe arrebatasse a mesa, quase fazendo cair a sua revista que estava meio cá-meio lá...
A jovem estava acompanhada por mais sete ou oito adolescentes e foi no espaço de minutos que montaram uma "mesa familiar de tertúlia" com as mesas disponíveis circundantes e cadeiras que foram pedindo aqui e ali.
E montaram tudo ali, "paredes meias" com o casal de idosos. E foi aí que parei para prescrutar os seus semblantes, as suas reacções, as suas expressões faciais.
E o que esperava seriam acenos e esgares de desaprovação pela algazarra que se instalara ali a poucos centimetros...
Mas não... o casal que almoçava pacatamente acabou por se sentir um estorvo e fizeram algumas tentativas, dentro das suas capacidades físicas de afastar a sua mesa e as suas cadeiras, de forma a não incomodar a confraternização que ali se iniciara.
A expressão que lhes observei foi a de que se sentiam ali a mais e estavam dispostos a ceder parte do espaço que haviam ocupado até então, apenas para poderem continuar a sua refeição, como até ali, pacatamente!
E o que normalmente acontece nestas ocasiões em que me ponho com contemplações, é que achei por bem tentar pôr-me no lugar daquele casal e perguntei-me a mim mesma, se quando chegar à idade deles, e se colocada perante uma situação semelhante, terei a mesma atitude... a de afastamento para evitar a confusão.
Com a minha personalidade mais "efusiva" (chamemos-lhe assim...) possivelmente não terei a mesma atitude, acho que o mais certo é até ter a tal atitude de revirar os olhos em reprovação e fazer esgares de crítica a "esta juventude"... mas quem me garante a mim que a vida não me trará serenidade e sabedoria para simplesmente optar por ignorar e escolher almoçar pacifica e sossegadamente, mesmo que ao lado se esteja a montar um acampamento de algarviada...??!!
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